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quinta-feira, 12 de abril de 2012

krril


                                                    Taxonomia

A ordem Euphausiacea divide-se em duas famílias. A família Bentheuphausiidae inclui apenas o Bentheuphausia amblyops, uma espécie de krill batipelágico que vive em águas abaixo dos 1 000 metros de profundidade, sendo considerada a mais primitiva das espécies de krill. A outra família, Euphausiidae, é a maior, contendo dez géneros diferentes, num total de 85 espécies. Destes, o género Euphausia é o maior, com 31 espécies.
As espécies mais bem conhecidas - sobretudo porque são objecto de pesca comercial - incluem o krill antártico (Euphausia superba), krill do pacífico (Euphausia pacifica) e o krill do norte (Meganyctiphanes norvegica).[carece de fontes]
                                     
                                                               Distribuição

O krill está presente em todos os oceanos; muitas espécies têm distribuição transoceânica e várias são endémicas ou com distribuição nerítica restrita. Espécies do género Thysanoessa ocorrem tanto no Oceano Atlântico como no Oceano Pacífico, que alberga também Euphausia pacifica. O krill do norte ocorre no Atlântico, desde o norte até ao Mar Mediterrâneo. As quatro espécies do género Nyctiphanes são muito abundantes nas zonas de afloramento das correntes da Califórnia, Humboldt, Benguela e Canárias, onde ocorre grande parte da pesca de peixe, moluscos e crustáceos.[carece de fontes]
Nas águas antárticas são conhecidas sete espécies: uma do género Thysanoessa (T. macrura) e seis espécies do género Euphausia. O krill antártico (Euphausia superba) vive, geralmente, em profundidades acima dos 100 metros, enquanto o krill do gelo (Euphausia crystallorophias) pode ser encontrado até à profundidade de 4 000 metros, vivendo geralmente a profundidades entre os 300 e os 600 metros. Ambas as espécies são encontradas a latitudes mais altas que 55º S - com predominância de E. crystallorophias acima dos 74º S e em bancos de gelo. Outras espécies conhecidas no Oceano Antártico são E. frigida, E. longirostris, E. triacantha, e E. vallentini.
 
                                                                               
                                                    Anatomia e morfologia



Anatomia do krill, utilizando Euphausia superba como modelo
O krill é constituído por crustáceos com exosqueleto quitinoso dividido em dois ou três tagmata: a cabeça, o tórax e o abdómen, aparecendo os dois primeiros fundidos num só, formando o cefalotórax, como é típico dos crustáceos. O exosqueleto de muitas espécies de krill é transparente. Apresentam olhos compostos e algumas espécies conseguem adaptar-se a várias condições de luminosidade utilizando pigmentos bloqueadores de luz. Possuem duas antenas e vários pares de patas torácicas chamadas pereópodes (o seu número varia consoante os géneros e espécies). Estas patas incluem os membros que utilizam para se alimentarem e limparem. Adicionalmente, todas as espécies possuem patas-nadadoras designadas pleópodes. A maior parte do krill tem entre 1 a 2 cm de comprimento quando adultos, atingindo algumas espécies tamanhos da ordem dos 6 a 15 cm. A maior de entre as espécies de krill é a mesopelágica Thysanopoda spinicauda. O krill pode ser facilmente distinguido de outros crustáceos como os camarões pelas suas guelras visíveis externamente.[carece de fontes]


As guelras do krill são visíveis externamente.
Muito do krill alimenta-se filtrando a água: as suas extremidades mais avançadas, os toracópodes, formam pentes muito finos com que filtram o alimento da água. Estes filtros podem ser realmente muito finos nas espécies que se alimentam de fitoplâncton (como os membros do género Euphausia), em particular diatomáceas, que são pequenas algas. Porém, crê-se que todas as espécies de krill são geralmente omnívoras, existindo algumas carnívoras que caçam zooplâncton e larvas de peixes.[carece de fontes]
Exceptuando a espécie Bentheuphausia amblyops, o krill é composto por espécies bioluminescentes, possuindo órgãos chamados fotóforos que são capazes de emitir luz. A luz é produzida por uma reacção de quimioluminescência catalisada por uma enzima, em que uma luciferina (um pigmento) é activado pela enzima luciferase. Os estudos indicam que a luciferina de muitas espécies de krill é um tetrapirrol fluorescente similar mas não igual à luciferina dos dinoflagelados. Além disto, não é provável que o krill produza a luciferina, antes obtendo-a da sua dieta que contém dinoflagelados. Os fotóforos do krill são órgãos complexos com capacidades de ampliação e focagem, como se fossem lentes, podendo rodar por meio de músculos. A função exacta destes órgãos é ainda desconhecida; podem desempenhar um papel no acasalamento, interacção social ou na orientação. Alguns investigadores propõem que o krill utiliza a luz como uma forma de camuflagem por contra-iluminação para compensar a sua sombra contra o fundo de luz ambiente vinda de cima, diminuindo a probabilidade de serem vistos pelos predadores mais abaixo.
                                                                  Comportamento

krill vivem em cardumes gigantes
A maioria das espécies de krill vive em grupos, com densidades e tamanhos bastante variáveis, dependendo da espécie e da região. No caso de Euphausia superba, existem registos de aglomerados com 10 000 a 30 000 indivíduos por metro cúbico. A formação destes grandes aglomerados funciona como um mecanismo de defesa colectiva, confundindo os predadores menores que prefeririam seleccionar as presas individualmente.[carece de fontes]
O krill segue, de um modo geral, uma migração vertical diurna. Passa o dia a profundidades maiores e ascende em direcção à superfície durante a noite. Quanto maior for a profundidade em que se encontre, menor é a sua actividade, aparentemente como forma de reduzir a possibilidade de encontros com predadores e de poupar energia. Algumas espécies (por exemplo, Euphausia superba, E. pacifica, E. hanseni, Pseudeuphausia latifrons, ou Thysanoessa spinifera) também formam aglomerados à superfície durante o dia para se alimentar e reproduzir, apesar de tal comportamento ser perigoso pois torna o krill muito vulnerável aos predadores.


Pleópodes de krill antártico em movimento durante deslocação.
Os aglomerados densos podem provocar um frenesim alimentar entre os predadores como peixes e pássaros, sobretudo perto da superfície onde as possibilidades de fuga do krill são limitadas. Quando perturbado, um aglomerado de krill dispersa, e já foram observados alguns indivíduos desfazendo-se do exosqueleto instantaneamente, deixando a exúvia para trás como engodo.]
O krill nada normalmente a uma velocidade de alguns centímetros por segundo (0,2 a 10 comprimentos corporais por segundo), usando os pleópodes como meio de propulsão. As suas migrações maiores estão sujeitas às correntes oceânicas. Quando em perigo, exibem um comportamento de fuga típico de alguns crustáceos: batendo os apêndices caudais (telson e urópodes), deslocam-se para trás através da água de modo relativamente rápido, atingindo velocidades no intervalo de 10 a 27 comprimentos corporais por segundo o que para um tipo de krill de grandes dimensões como E. superba, significa cerca de 0,8 m/s.     A sua capacidade natatória levou muitos investigadores a classificar o krill adulto como forma de vida micro-nectónica, ou seja, pequenos animais capazes de se moverem individualmente contra correntes (fracas). As formas larvares do krill são geralmente consideradas zooplâncton.
                                                Ecologia e ciclo de vida

O krill constitui um importante elemento da cadeia alimentar. O krill antártico alimenta-se directamente do fitoplâncton, convertendo energia de produção primária numa forma mais apropriada ao consumo por animais maiores que não podem alimentar-se directamente das minúsculas algas, mas que são capazes de alimentar-se de krill. Algumas espécies como o krill do norte têm menos fitoplâncton à sua disposição e caçam copépodes e zooplâncton de maiores dimensões. São muitos os animais que se alimentam de krill, desde pequenos peixes ou pinguins até focas e mesmo baleias.[carece de fontes]
As perturbações dos ecossistemas que resultam na diminuição de uma população de krill podem ter efeitos de grande alcance. Durante uma explosão de cocolitóforos no Mar de Bering em 1988, por exemplo, a concentração de diatomáceas diminuiu na área afectada. Porém, o krill não pode alimentar-se dos cocolitóforos (mais pequenos) e, consequentemente, a população de krill (sobretudo de E. pacifica) diminuiu drasticamente naquela região. Esta diminuição, por seu lado, afectou outras espécies: as populações de cagarras e pardelas decresceram, pensando-se até que esta terá sido uma das razões que terá levado o salmão a não regressar aos rios do Alasca ocidental nessa temporada.
Existem outros factores além dos predadores e da disponibilidade de alimento que também podem influenciar a taxa de mortalidade nas populações de krill. Existem vários endoparasitóides ciliados unicelulares do género Collinia que podem infectar diferentes espécies de krill, causando mortalidade maciça nas populações afectadas. Tais doenças têm sido relatadas para Thysanoessa inermis no Mar de Bering, mas também para E. pacifica, Thysanoessa spinifera, e T. gregaria ao largo da costa pacífica da América do Norte. Existem também alguns ectoparasitas da família Dajidae (isópodes epicarídeos) que afectam o krill (bem como camarões e misidáceos); um destes parasitas é o Oculophryxus bicaulis encontrado no krill das espécies Stylocheiron affine e Stylocheiron longicorne. Agarra-se ao pedúnculo ocular do animal sugando-lhe o sangue da cabeça; crê-se que iniba a reprodução do hospedeiro, pois apenas se encontrou este parasita em animais imaturos.
                                                         Ciclo de vida


Eclosão de um náuplio de Euphausia pacifica.
O ciclo de vida geral do krill tem sido objecto de vários estudos, efectuados com várias espécies e é por essa razão relativamente bem compreendido, apesar de existirem pequenas variações de pormenor de espécie para espécie.[carece de fontes]
Quando o krill eclode dos ovos, passa por vários estágios larvares sucessivos: náuplio, pseudometanáuplio, metanáuplio, caliptopsis e furcilia. Cada um destes estágios larvares subdivide-se em vários sub-estágios. O estágio pseudometanáuplio é exclusivo das espécies que depositam os ovos em bolsas ovígeras. As larvas crescem e fazem várias mudas durante este processo, substituindo o exosqueleto rígido sempre que este se torna demasiado pequeno. Até ao estágio de metanáuplio, inclusive, as larvas alimentam-se das reservas do vitelo. É apenas nos estágios de caliptopsis, que se formam a boca e o tracto digestivo, começando então a alimentar-se de fitoplâncton, o que implica que por esta altura as larvas já tenham atingido a zona fótica, constituída pelas camadas superiores do oceano em que vivem as algas. Durante os estágios de furcilia, são adicionados segmentos com pares de pleópodes, começando pelos segmentos mais frontais. Cada par torna-se funcional na muda seguinte. O número de segmentos adicionados durante qualquer um dos estágios de furcilia pode variar numa mesma espécie, dependendo das condições ambientais.
Após o último dos estágios de furcilia, o krill apresenta-se já com uma forma similar à de um adulto, mas é ainda imaturo. Durante a época de acasalamento, que varia com a espécie e com o clima, o macho deposita um espermatóforo na abertura genital (télico) da fêmea. As fêmeas podem carregar vários milhares de ovos no ovário, podendo constituir um terço da massa corporal do animal. O krill pode produzir múltiplas ninhadas numa só estação, com períodos entre cada uma da ordem de dias.[carece de fontes]


Cabeça de um krill fêmea da espécie Nematoscelis difficilis com a bolsa ovígera. Os ovos têm 0.3 - 0.4 mm de diâmetro
Há duas formas de produção das ninhadas entre as espécies de krill. As 57 espécies dos géneros Bentheuphausia, Euphausia, Meganyctiphanes, Thysanoessa e Thysanopoda fazem-no dispersando os ovos. A fêmea liberta os ovos na água, onde geralmente se afundam e dispersam, ficando totalmente desacompanhados. Estas espécies geralmente eclodem no estágio 1 de náuplio, mas descobriu-se recentemente que por vezes o fazem como metanáuplios ou até como caliptopsis. As restantes 29 espécies dos restantes géneros criam as ninhadas numa bolsa que a fêmea carrega consigo agarrada aos pares mais posteriores de toracópodes até à sua eclosão no estágio de metanáuplio, apesar de algumas espécies como Nematoscelis difficilis, poderem eclodir como náuplios ou pseudometanáuplios.
Algumas espécies de krill das latitudes elevadas, podem viver até mais de seis anos (por exemplo, Euphausia superba); outras, como a espécie de latitudes médias Euphausia pacifica, vivem apenas dois anos. A longevidade das espécies tropicais e subtropicais é ainda menor, por exemplo, Nyctiphanes simplex, vive apenas seis a oito meses.
                                                                    Mudas
As mudas ocorrem sempre que os animais atingem um tamanho maior que o do seu exosqueleto. Os animais mais jovens, em crescimento mais rápido, procedem mais frequentemente a mudas que os animais maiores e mais velhos. A frequência das mudas varia muito de espécie para espécie e é, mesmo dentro de uma mesma espécie, sujeita a vários factores externos como a latitude, temperatura da água ou a disponibilidade de alimento. A espécie subtropical Nyctiphanes simplex, por exemplo, tem um período entre mudas que varia dos dois aos sete dias; as larvas mudam em média a cada três dias enquanto que os juvenis e os adultos o fazem, em média, a cada cinco dias. Para E. superba nos mares antárticos, os períodos entre mudas variam dos 9 aos 28 dias, dependendo da temperatura (-1 °C a 4 °C). No caso de Meganyctiphanes norvegica do Mar do Norte, o período entre mudas varia também entre os 9 e os 28 dias mas a temperaturas entre os 2,5 °C e os 15 °C. Sabe-se ainda que E. superba é capaz de reduzir o seu tamanho corporal quando o alimento escasseia, fazendo mudas sempre que o exosqueleto se torna demasiado grande. Este comportamento também foi observado com E. pacifica como adaptação a temperaturas da água anormalmente altas e é postulado que ocorra com outras espécies de krill de zonas temperadas.

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